quinta-feira, 15 de julho de 2010

Professores reflexivos em uma escola reflexiva( Isabel Alarcão CORTEZ)

Nossa sociedade, denominada “sociedade da informação, do conhecimento e da aprendizagem”, exige competência de acesso, avaliação e gestão da informação oferecida. Nela, o homem deve ter a capacidade de transformar as informações em conhecimento. O pensamento e a compreensão são fatores de desenvolvimento pessoal, social, institucional, nacional e internacional. Para saber viver nela é preciso que o sujeito tenha competência.
Além da informação e do saber, deve desenvolver certas capacidades: saber-fazer, aprender a aprender, aprender a conviver e aprender a ser e, também, para ser um ator crítico, deve desenvolver a competência da compreensão e a capacidade de utilizar as várias linguagens, inclusive a da informática. Se ele não o fizer, será manipulado e “info-excluído”. Deve saber lidar com a informação de modo rápido e flexível, discernindo sua importância, reorganizando-a, interpretando-a, selecionando-a, sistematizando-a e recriando-a. Assim, as competências exigidas, hoje, devem ser desenvolvidas num contexto em que haja
apelo para atitudes autônomas, dialogantes e colaborativas e em projetos de reflexão e pesquisa. A escola tem papel central nessa questão. A sala de aula é o espaço onde se procura e se produz o saber. A aprendizagem deve ser organizada focando no aluno e promovendo sua capacidade de auto e heteroaprendizagem, o qual deve ser aprendente e descobrir o prazer de ser uma mente ativa. Já, o professor deve estar em constante formação a fim de poder atender as novas exigências. Precisa ser reflexivo numa escola reflexiva, isto é, sua atuação deverá ser produto de uma mistura integrada de ciência, técnica e arte. A idéia de professor reflexivo é transponível para a comunidade educativa. Alarcão intitula esses profissionais de “estruturadores e animadores da aprendizagem”, pois devem desenvolver em seus alunos algumas competências: criar, estruturar, dinamizar situações e estimular as aprendizagens e a auto-confiança nas capacidades individuais para aprender. Ela usa o termo “fascínio” para a falta de confiança na competência de alguns profissionais, a reação perante a tenocracia, a relatividade inerente ao espírito moderno, o valor atribuído à epistemologia da experiência, a fragilidade do papel do professor, a dificuldade de formar bons profissionais.
A metodologia da “pesquisa-ação” é uma possibilidade de avançar na formação reflexiva, pois à experiência profissional pode ser refletida e conceitualizada. Parte da identificação do problema e caracteriza-se pelo
trabalho cooperativo no planejamento e na avaliação dos resultados. Já, a “abordagem experimental” é um processo transformador da experiência que se dá a construção do saber e compreende quatro fases: experiência concreta, observação reflexiva, conceitualização e experimentação ativa. A “abordagem
reflexiva de Shön” se relaciona com a abordagem experimental e a pesquisa-ação, pois há os componentes da reflexão na ação, reflexão sobre a ação e a meta reflexão: reflexão sobre a reflexão na ação. Algumas
estratégias colaboram para uma reflexão formativa. Entre elas temos: a análise de casos, que é a reflexão sobre uma situação concreta, baseada no saber teórico e assume valor explicativo; as narrativas, que são à maneira de como os homens experienciam o mundo e podem registrar as questões cotidianas;
os caso, que são enredos elaborados para dar visibilidade ao saber, sendo escritos por docentes no sentido de exprimir uma teorização; o portifólio, que é um conjunto de documentação refletidamente selecionada, comentada, organizada e contextualizada, reveladora do percurso profissional; e, as perguntas pedagógica, que têm intencionalidade formativa. Com essas estratégias, a escola pode ser organizada de modo a criar condições de reflexividade individuais e coletivas, transformando-se numa comunidade autocrítica, aprendente e reflexiva. Precisa se repensar para se transformar e ser autogerida, ou seja, ter seu próprio projeto, construído com a colaboração de seus membros. Daí, surge o objetivo principal da supervisão pedagógica, que é criar condições de aprendizagem e de desenvolvimento profissional dos docentes,
entendido como dimensão do conhecimento e da ação. Transcede a ação do professor e atinge a formação do aluno, a vida na escola e a educação. É uma atividade de natureza psicosocial centrada nos contextos formativos. O supervisor é um gestor de situações formativas que implicam em capacidades humanas e técnico-profissionais especificas. Pode ajudar na construção do conhecimento pedagógico pela sua presença e atuação, pelo diálogo propiciador da compreensão dos fenômenos educativos e das potencialidades dos docentes, pela monitorização avaliativa de situação e desempenhos. Logo, para gerir uma comunidade reflexiva em desenvolvimento e aprendizagem, a gestão deve ser integrada de pessoas e processos, trazendo para a arena educativa todos os elementos humanos que a constitui. A "escola reflexiva" encontra-se sempre
em construção social, mediada pela interação dos diferentes atores. De sua definição destacam-se as idéias de pensamento e reflexão, organização e missão, avaliação e formação. Ela tem uma missão: educar e, para isso, deve investigar-se, pensar-se e avaliar-se. Deve ter um projeto orientador de ação e trabalhar em equipe. O projeto educativo surge como instrumento da construção da sua autonomia, sendo a carta de definição da política educativa escolar e deve se centrar no modo como se organiza para criar as condições de aprendizagem e desenvolvimento inerentes ao currículo. Portanto, para gerir uma escola reflexiva deve pensar numa gestão participada face às situações, avaliadora e formadora. A gestão escolar reside na capacidade de mobilizar cada um para a concretização do projeto educativo com capacidade decisória;
nortear-se por ele e tomar decisões no momento certo, ser capaz de mobilizar as pessoas para serem atores sociais e transformarem o projeto enunciado em conseguido.

Implica em ter um pensamento e uma visão sistêmica.

(ALARCÃO, Isabel)

sábado, 3 de julho de 2010

A Tartaruga e a Águia

A tartaruga passava o tempo a lamentar-se por ser lenta e desajeitada. Como gostava de fazer comparações, adorava a beleza e a ligeireza com que se moviam as aves. Não se conformava com a sua sorte e chegava a ficar muito triste.


- Que chatice ter que me arrastar pelo solo, passo a passo e com esforço! Ah! Se eu pudesse voar, nem que fosse apenas uma vez! dizia ele repetidamente, dia após dia.


Finalmente, num dia de outono, conseguiu convencer a águia a levá-la para um passeio pelas alturas. Suavemente e com grande majestade, a águia e a tartaruga elevaram-se no céu, naquela tarde. O animalzinho transbordava de felicidade, ao ver lá embaixo, tão longe, a terra e seus habitantes.


- Ah, que maravilha! Como estou feliz! Que inveja não devem sentir as outras tartarugas vendo-me voar tão alto! Realmente, sou uma tartaruga única! exclamava ela, com a voz tremida pela emoção.


Mas tanto se cansou a águia de ouvir seus vaidosos argumentos, que decidiu soltá-la. A orgulhosa tartaruga caiu como uma pedra, desde milhares de metros de altura, desfazendo-se em cacos ao chegar no chão.


Algumas tartarugas que viram que viram sua vizinha cair, exclamaram cheias de pena:


- Pobrezinha! Estava tão segura aqui em baixo, na terra, e teve que procurar as alturas para perder-se.


Dura lição para quem se empenha em ir contra sua própria natureza. Não é melhor cada um conformar-se com aquilo que é?

A raposa e o leão

Uma raposa muito jovem, que nunca tinha visto um leão, estava andando pela floresta e deu de cara com um deles. Ela não precisou olhar muito para sair correndo desesperada na direção do primeiro esconderijo que encontrou. Quando viu o leão pela segunda vez, a raposa ficou atrás de uma árvore a fim de poder olhar para ele antes de fugir. Mas na terceira vez a raposa foi direto até o leão e começou a dar tapinhas nas costas dele, dizendo:


- Oi, gatão! Tudo bem aí?



Moral: Da familiaridade nasce o abuso.

A gralha vaidosa


Júpiter deu a notícia de que pretendia escolher um rei para os pássaros e marcou uma data para que todos eles comparecessem diante de seu trono. O mais bonito seria declarado rei.



Querendo arrumar-se o melhor possível, os pássaro foram tomar banho e alisar as penas às margens de um arroio. A gralha também estava lá no meio dos outros, só que tinha certeza de que nunca ia ser a escolhida, porque suas penas eram muito feias.



"Vamos ter que dar um jeito", pensou ela.



Depois que os outros pássaros foram embora, muitas penas ficaram caídas pelo chão; a gralha recolheu as mais bonitas e prendeu em volta do corpo. O resultado foi deslumbrante: nenhum pássaro era mais vistoso que ela. Quando o dia marcado chegou, os pássaros se reuniram diante do trono de Júpiter; Júpiter examinou todo mundo e escolheu a gralha par rei. Já ia fazer a declaração oficial quando todos os outros pássaros avançaram para o futuro rei e arrancaram suas penas falsa uma a uma, mostrando a gralha exatamente como ela era.





Moral: Belas penas não fazem belos pássaros

A gansa dos ovos de ouro


Um homem e sua mulher tinham a sorte de possuir uma gansa que todo dia punha um ovo de ouro. Mesmo com toda essa sorte, eles acharam que estavam enriquecendo muito devagar, que assim não dava. Imaginando que a gansa devia ser de ouro por dentro, resolveram matá-la e pegar aquela fortuna toda de uma vez. Só que, quando abriram a barriga da gansa, viram que por dentro ela era igualzinha a todas as outras. Foi assim que os dois não ficaram ricos de uma vez só, como tinham imaginado, nem puderam continuar recebendo o ovo de ouro que todos os dias aumentava um pouquinho sua fortuna.





Moral: Não tente forçar demais a sorte.

A Borboleta Orgulhosa


A borboletinha era uma beleza, mas achava-se uma beldade. Devia, pelo menos, ser tratada como a rainha das borboletas, para que se sentisse satisfeita. Quanta vaidade, meu Deus!

 Não tinha amigos, pois qualquer mariposa que se aproximasse dela era alvo de risinhos e de desprezo.

- Que está fazendo em minha presença, criatura? Não vê que sou mais bela e elegante do que você? costuma ela dizer, fazendo-se de muito importante.

Nem os seus familiares escapavam. Mantinha à distância os seus próprios pais e irmãos, como se ela não houvesse nascido naturalmente, mas tivesse sido enviada diretamente do céu. Tratava-os com enorme frieza, como quem faz um favor, quando não há outro remédio.

- Sim, você é formosa, borboletinha, mas não sabe usar essa qualidade como deveria. Isso vai destruí-la! previniu-a solenemente um sábio do bosque.

A borboletinha não deu muita importância às palavras do sábio. Mas uma leve inquietação aninhou-se em seu coração. Respeitava aquele sábio e temia que ele tivesse razão. Mas logo esqueceu esses pensamentos e continuou sua atitude habitual.

Um dia, a profecia do sábio cumpriu-se. Um rapazinho esperto surpreendeu-a sozinha voando pelo bosque. Achou-a magnífica e com sua rede apoderou-se dela. Como é triste ver a borboletinha vaidosa atravessada por um alfinete, fazendo parte da coleção do rapaz!

Cada um tem aquilo que merece. Não adianta pôr a culpa de nossos erros nos outros, no destino, em Deus ou na má sorte. Cada um é responsável pelo seu próprio sucesso ou fracasso.





A cigarra e as formigas


Num belo dia de inverno as formigas estavam tendo o maior trabalho para secar suas reservas de trigo. Depois de uma chuvarada, os grãos tinham ficado completamente molhados. De repente aparece uma cigarra:

- Por favor, formiguinhas, me dêem um pouco de trigo! Estou com uma fome danada, acho que vou morrer.

As formigas pararam de trabalhar, coisa que era contra os princípios delas, e perguntaram:

- Mas por quê? O que você fez durante o verão? Por acaso não se lembrou de guardar comida para o inverno?

- Para falar a verdade, não tive tempo – respondeu a cigarra. – Passei o verão cantando!

- Bom... Se você passou o verão cantando, que tal passar o inverno dançando? – disseram as formigas, e voltaram para o trabalho dando risada.


Moral: Os preguiçosos colhem o que merecem.

A Coelhinha das Orelhas Grandes

Aquela coelhinha era tão branca como as outras. Mas havia nela alguma coisa que a tornava diferente das demais; o seu entusiasmo pelas próprias orelhas. Acreditava que eram as maiores e mais bonitas de toda a região.

- Ah, como me sinto bem com essas belíssimas orelhas! exclamou, um belo dia à porta de sua toca. São tão grandes e tão belas!

As outras coelhas e seus respectivos maridos admitiam que eram orelhas muito bonitas; mas nada mais. Por que ela era assim tão vaidosa?

 - A vida não depende de nossas orelhas, mas sim de nossas patas. Quanto mais ágeis e robustas forem, melhor para nós, costumavam dizer-lhes suas companheiras.

Mas a coelhinha não se convencia. Cada vez mais vaidosa, passava os dias a experimentar novos penteados que estivessem de acordo com suas esplêndidas orelhas. Não vivia para outra coisa.

Um belo dia, porém, a Natureza pôs as coisas no seu devido lugar. O lobo encontrou sua despensa vazia e, como tinha fome, decidiu sair para caçar. Como os outros animais de sua espécie, sentia uma atração especial por coelhos. Assim que os coelhos daquela região viram a sombra do lobo desataram a correr. Mas a coelhinha, ignorando o perigo que se avizinhava e ensaiando penteado após penteado, quase não se deu conta da presença do lobo.

Felizmente, apercebeu-se no último instante e fugiu a toda velocidade em direção à água do rio mais próximo. Desesperada, atirou-se para dentro dele e, milagre dos milagres, suas orelhas grandes e largas serviram-lhe para manter-se flutuando. Com elas, a coelhinha remou até estar fora do alcance do lobo.

Que grande susto! Ela reconsiderou suas atitudes e prometeu que, dali em diante, prestaria menos atenção às suas orelhas e mais ao que se passasse à sua volta.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Professores reflexivos em uma escola reflexiva( Isabel Alarcão CORTEZ)

Nossa sociedade, denominada “sociedade da informação, do conhecimento e da aprendizagem”, exige competência de acesso, avaliação e gestão da informação oferecida. Nela, o homem deve ter a capacidade de transformar as informações em conhecimento. O pensamento e a compreensão são fatores de desenvolvimento pessoal, social, institucional, nacional e internacional. Para saber viver nela é preciso que o sujeito tenha competência.
Além da informação e do saber, deve desenvolver certas capacidades: saber-fazer, aprender a aprender, aprender a conviver e aprender a ser e, também, para ser um ator crítico, deve desenvolver a competência da compreensão e a capacidade de utilizar as várias linguagens, inclusive a da informática. Se ele não o fizer, será manipulado e “info-excluído”. Deve saber lidar com a informação de modo rápido e flexível, discernindo sua importância, reorganizando-a, interpretando-a, selecionando-a, sistematizando-a e recriando-a. Assim, as competências exigidas, hoje, devem ser desenvolvidas num contexto em que haja
apelo para atitudes autônomas, dialogantes e colaborativas e em projetos de reflexão e pesquisa. A escola tem papel central nessa questão. A sala de aula é o espaço onde se procura e se produz o saber. A aprendizagem deve ser organizada focando no aluno e promovendo sua capacidade de auto e heteroaprendizagem, o qual deve ser aprendente e descobrir o prazer de ser uma mente ativa. Já, o professor deve estar em constante formação a fim de poder atender as novas exigências. Precisa ser reflexivo numa escola reflexiva, isto é, sua atuação deverá ser produto de uma mistura integrada de ciência, técnica e arte. A idéia de professor reflexivo é transponível para a comunidade educativa. Alarcão intitula esses profissionais de “estruturadores e animadores da aprendizagem”, pois devem desenvolver em seus alunos algumas competências: criar, estruturar, dinamizar situações e estimular as aprendizagens e a auto-confiança nas capacidades individuais para aprender. Ela usa o termo “fascínio” para a falta de confiança na competência de alguns profissionais, a reação perante a tenocracia, a relatividade inerente ao espírito moderno, o valor atribuído à epistemologia da experiência, a fragilidade do papel do professor, a dificuldade de formar bons profissionais.
A metodologia da “pesquisa-ação” é uma possibilidade de avançar na formação reflexiva, pois à experiência profissional pode ser refletida e conceitualizada. Parte da identificação do problema e caracteriza-se pelo
trabalho cooperativo no planejamento e na avaliação dos resultados. Já, a “abordagem experimental” é um processo transformador da experiência que se dá a construção do saber e compreende quatro fases: experiência concreta, observação reflexiva, conceitualização e experimentação ativa. A “abordagem
reflexiva de Shön” se relaciona com a abordagem experimental e a pesquisa-ação, pois há os componentes da reflexão na ação, reflexão sobre a ação e a meta reflexão: reflexão sobre a reflexão na ação. Algumas
estratégias colaboram para uma reflexão formativa. Entre elas temos: a análise de casos, que é a reflexão sobre uma situação concreta, baseada no saber teórico e assume valor explicativo; as narrativas, que são à maneira de como os homens experienciam o mundo e podem registrar as questões cotidianas;
os caso, que são enredos elaborados para dar visibilidade ao saber, sendo escritos por docentes no sentido de exprimir uma teorização; o portifólio, que é um conjunto de documentação refletidamente selecionada, comentada, organizada e contextualizada, reveladora do percurso profissional; e, as perguntas pedagógica, que têm intencionalidade formativa. Com essas estratégias, a escola pode ser organizada de modo a criar condições de reflexividade individuais e coletivas, transformando-se numa comunidade autocrítica, aprendente e reflexiva. Precisa se repensar para se transformar e ser autogerida, ou seja, ter seu próprio projeto, construído com a colaboração de seus membros. Daí, surge o objetivo principal da supervisão pedagógica, que é criar condições de aprendizagem e de desenvolvimento profissional dos docentes,
entendido como dimensão do conhecimento e da ação. Transcede a ação do professor e atinge a formação do aluno, a vida na escola e a educação. É uma atividade de natureza psicosocial centrada nos contextos formativos. O supervisor é um gestor de situações formativas que implicam em capacidades humanas e técnico-profissionais especificas. Pode ajudar na construção do conhecimento pedagógico pela sua presença e atuação, pelo diálogo propiciador da compreensão dos fenômenos educativos e das potencialidades dos docentes, pela monitorização avaliativa de situação e desempenhos. Logo, para gerir uma comunidade reflexiva em desenvolvimento e aprendizagem, a gestão deve ser integrada de pessoas e processos, trazendo para a arena educativa todos os elementos humanos que a constitui. A "escola reflexiva" encontra-se sempre
em construção social, mediada pela interação dos diferentes atores. De sua definição destacam-se as idéias de pensamento e reflexão, organização e missão, avaliação e formação. Ela tem uma missão: educar e, para isso, deve investigar-se, pensar-se e avaliar-se. Deve ter um projeto orientador de ação e trabalhar em equipe. O projeto educativo surge como instrumento da construção da sua autonomia, sendo a carta de definição da política educativa escolar e deve se centrar no modo como se organiza para criar as condições de aprendizagem e desenvolvimento inerentes ao currículo. Portanto, para gerir uma escola reflexiva deve pensar numa gestão participada face às situações, avaliadora e formadora. A gestão escolar reside na capacidade de mobilizar cada um para a concretização do projeto educativo com capacidade decisória;
nortear-se por ele e tomar decisões no momento certo, ser capaz de mobilizar as pessoas para serem atores sociais e transformarem o projeto enunciado em conseguido.

Implica em ter um pensamento e uma visão sistêmica.

(ALARCÃO, Isabel)

sábado, 3 de julho de 2010

A Tartaruga e a Águia

A tartaruga passava o tempo a lamentar-se por ser lenta e desajeitada. Como gostava de fazer comparações, adorava a beleza e a ligeireza com que se moviam as aves. Não se conformava com a sua sorte e chegava a ficar muito triste.


- Que chatice ter que me arrastar pelo solo, passo a passo e com esforço! Ah! Se eu pudesse voar, nem que fosse apenas uma vez! dizia ele repetidamente, dia após dia.


Finalmente, num dia de outono, conseguiu convencer a águia a levá-la para um passeio pelas alturas. Suavemente e com grande majestade, a águia e a tartaruga elevaram-se no céu, naquela tarde. O animalzinho transbordava de felicidade, ao ver lá embaixo, tão longe, a terra e seus habitantes.


- Ah, que maravilha! Como estou feliz! Que inveja não devem sentir as outras tartarugas vendo-me voar tão alto! Realmente, sou uma tartaruga única! exclamava ela, com a voz tremida pela emoção.


Mas tanto se cansou a águia de ouvir seus vaidosos argumentos, que decidiu soltá-la. A orgulhosa tartaruga caiu como uma pedra, desde milhares de metros de altura, desfazendo-se em cacos ao chegar no chão.


Algumas tartarugas que viram que viram sua vizinha cair, exclamaram cheias de pena:


- Pobrezinha! Estava tão segura aqui em baixo, na terra, e teve que procurar as alturas para perder-se.


Dura lição para quem se empenha em ir contra sua própria natureza. Não é melhor cada um conformar-se com aquilo que é?

A raposa e o leão

Uma raposa muito jovem, que nunca tinha visto um leão, estava andando pela floresta e deu de cara com um deles. Ela não precisou olhar muito para sair correndo desesperada na direção do primeiro esconderijo que encontrou. Quando viu o leão pela segunda vez, a raposa ficou atrás de uma árvore a fim de poder olhar para ele antes de fugir. Mas na terceira vez a raposa foi direto até o leão e começou a dar tapinhas nas costas dele, dizendo:


- Oi, gatão! Tudo bem aí?



Moral: Da familiaridade nasce o abuso.

A gralha vaidosa


Júpiter deu a notícia de que pretendia escolher um rei para os pássaros e marcou uma data para que todos eles comparecessem diante de seu trono. O mais bonito seria declarado rei.



Querendo arrumar-se o melhor possível, os pássaro foram tomar banho e alisar as penas às margens de um arroio. A gralha também estava lá no meio dos outros, só que tinha certeza de que nunca ia ser a escolhida, porque suas penas eram muito feias.



"Vamos ter que dar um jeito", pensou ela.



Depois que os outros pássaros foram embora, muitas penas ficaram caídas pelo chão; a gralha recolheu as mais bonitas e prendeu em volta do corpo. O resultado foi deslumbrante: nenhum pássaro era mais vistoso que ela. Quando o dia marcado chegou, os pássaros se reuniram diante do trono de Júpiter; Júpiter examinou todo mundo e escolheu a gralha par rei. Já ia fazer a declaração oficial quando todos os outros pássaros avançaram para o futuro rei e arrancaram suas penas falsa uma a uma, mostrando a gralha exatamente como ela era.





Moral: Belas penas não fazem belos pássaros

A gansa dos ovos de ouro


Um homem e sua mulher tinham a sorte de possuir uma gansa que todo dia punha um ovo de ouro. Mesmo com toda essa sorte, eles acharam que estavam enriquecendo muito devagar, que assim não dava. Imaginando que a gansa devia ser de ouro por dentro, resolveram matá-la e pegar aquela fortuna toda de uma vez. Só que, quando abriram a barriga da gansa, viram que por dentro ela era igualzinha a todas as outras. Foi assim que os dois não ficaram ricos de uma vez só, como tinham imaginado, nem puderam continuar recebendo o ovo de ouro que todos os dias aumentava um pouquinho sua fortuna.





Moral: Não tente forçar demais a sorte.

A Borboleta Orgulhosa


A borboletinha era uma beleza, mas achava-se uma beldade. Devia, pelo menos, ser tratada como a rainha das borboletas, para que se sentisse satisfeita. Quanta vaidade, meu Deus!

 Não tinha amigos, pois qualquer mariposa que se aproximasse dela era alvo de risinhos e de desprezo.

- Que está fazendo em minha presença, criatura? Não vê que sou mais bela e elegante do que você? costuma ela dizer, fazendo-se de muito importante.

Nem os seus familiares escapavam. Mantinha à distância os seus próprios pais e irmãos, como se ela não houvesse nascido naturalmente, mas tivesse sido enviada diretamente do céu. Tratava-os com enorme frieza, como quem faz um favor, quando não há outro remédio.

- Sim, você é formosa, borboletinha, mas não sabe usar essa qualidade como deveria. Isso vai destruí-la! previniu-a solenemente um sábio do bosque.

A borboletinha não deu muita importância às palavras do sábio. Mas uma leve inquietação aninhou-se em seu coração. Respeitava aquele sábio e temia que ele tivesse razão. Mas logo esqueceu esses pensamentos e continuou sua atitude habitual.

Um dia, a profecia do sábio cumpriu-se. Um rapazinho esperto surpreendeu-a sozinha voando pelo bosque. Achou-a magnífica e com sua rede apoderou-se dela. Como é triste ver a borboletinha vaidosa atravessada por um alfinete, fazendo parte da coleção do rapaz!

Cada um tem aquilo que merece. Não adianta pôr a culpa de nossos erros nos outros, no destino, em Deus ou na má sorte. Cada um é responsável pelo seu próprio sucesso ou fracasso.





A cigarra e as formigas


Num belo dia de inverno as formigas estavam tendo o maior trabalho para secar suas reservas de trigo. Depois de uma chuvarada, os grãos tinham ficado completamente molhados. De repente aparece uma cigarra:

- Por favor, formiguinhas, me dêem um pouco de trigo! Estou com uma fome danada, acho que vou morrer.

As formigas pararam de trabalhar, coisa que era contra os princípios delas, e perguntaram:

- Mas por quê? O que você fez durante o verão? Por acaso não se lembrou de guardar comida para o inverno?

- Para falar a verdade, não tive tempo – respondeu a cigarra. – Passei o verão cantando!

- Bom... Se você passou o verão cantando, que tal passar o inverno dançando? – disseram as formigas, e voltaram para o trabalho dando risada.


Moral: Os preguiçosos colhem o que merecem.

A Coelhinha das Orelhas Grandes

Aquela coelhinha era tão branca como as outras. Mas havia nela alguma coisa que a tornava diferente das demais; o seu entusiasmo pelas próprias orelhas. Acreditava que eram as maiores e mais bonitas de toda a região.

- Ah, como me sinto bem com essas belíssimas orelhas! exclamou, um belo dia à porta de sua toca. São tão grandes e tão belas!

As outras coelhas e seus respectivos maridos admitiam que eram orelhas muito bonitas; mas nada mais. Por que ela era assim tão vaidosa?

 - A vida não depende de nossas orelhas, mas sim de nossas patas. Quanto mais ágeis e robustas forem, melhor para nós, costumavam dizer-lhes suas companheiras.

Mas a coelhinha não se convencia. Cada vez mais vaidosa, passava os dias a experimentar novos penteados que estivessem de acordo com suas esplêndidas orelhas. Não vivia para outra coisa.

Um belo dia, porém, a Natureza pôs as coisas no seu devido lugar. O lobo encontrou sua despensa vazia e, como tinha fome, decidiu sair para caçar. Como os outros animais de sua espécie, sentia uma atração especial por coelhos. Assim que os coelhos daquela região viram a sombra do lobo desataram a correr. Mas a coelhinha, ignorando o perigo que se avizinhava e ensaiando penteado após penteado, quase não se deu conta da presença do lobo.

Felizmente, apercebeu-se no último instante e fugiu a toda velocidade em direção à água do rio mais próximo. Desesperada, atirou-se para dentro dele e, milagre dos milagres, suas orelhas grandes e largas serviram-lhe para manter-se flutuando. Com elas, a coelhinha remou até estar fora do alcance do lobo.

Que grande susto! Ela reconsiderou suas atitudes e prometeu que, dali em diante, prestaria menos atenção às suas orelhas e mais ao que se passasse à sua volta.