quinta-feira, 15 de julho de 2010

Professores reflexivos em uma escola reflexiva( Isabel Alarcão CORTEZ)

Nossa sociedade, denominada “sociedade da informação, do conhecimento e da aprendizagem”, exige competência de acesso, avaliação e gestão da informação oferecida. Nela, o homem deve ter a capacidade de transformar as informações em conhecimento. O pensamento e a compreensão são fatores de desenvolvimento pessoal, social, institucional, nacional e internacional. Para saber viver nela é preciso que o sujeito tenha competência.
Além da informação e do saber, deve desenvolver certas capacidades: saber-fazer, aprender a aprender, aprender a conviver e aprender a ser e, também, para ser um ator crítico, deve desenvolver a competência da compreensão e a capacidade de utilizar as várias linguagens, inclusive a da informática. Se ele não o fizer, será manipulado e “info-excluído”. Deve saber lidar com a informação de modo rápido e flexível, discernindo sua importância, reorganizando-a, interpretando-a, selecionando-a, sistematizando-a e recriando-a. Assim, as competências exigidas, hoje, devem ser desenvolvidas num contexto em que haja
apelo para atitudes autônomas, dialogantes e colaborativas e em projetos de reflexão e pesquisa. A escola tem papel central nessa questão. A sala de aula é o espaço onde se procura e se produz o saber. A aprendizagem deve ser organizada focando no aluno e promovendo sua capacidade de auto e heteroaprendizagem, o qual deve ser aprendente e descobrir o prazer de ser uma mente ativa. Já, o professor deve estar em constante formação a fim de poder atender as novas exigências. Precisa ser reflexivo numa escola reflexiva, isto é, sua atuação deverá ser produto de uma mistura integrada de ciência, técnica e arte. A idéia de professor reflexivo é transponível para a comunidade educativa. Alarcão intitula esses profissionais de “estruturadores e animadores da aprendizagem”, pois devem desenvolver em seus alunos algumas competências: criar, estruturar, dinamizar situações e estimular as aprendizagens e a auto-confiança nas capacidades individuais para aprender. Ela usa o termo “fascínio” para a falta de confiança na competência de alguns profissionais, a reação perante a tenocracia, a relatividade inerente ao espírito moderno, o valor atribuído à epistemologia da experiência, a fragilidade do papel do professor, a dificuldade de formar bons profissionais.
A metodologia da “pesquisa-ação” é uma possibilidade de avançar na formação reflexiva, pois à experiência profissional pode ser refletida e conceitualizada. Parte da identificação do problema e caracteriza-se pelo
trabalho cooperativo no planejamento e na avaliação dos resultados. Já, a “abordagem experimental” é um processo transformador da experiência que se dá a construção do saber e compreende quatro fases: experiência concreta, observação reflexiva, conceitualização e experimentação ativa. A “abordagem
reflexiva de Shön” se relaciona com a abordagem experimental e a pesquisa-ação, pois há os componentes da reflexão na ação, reflexão sobre a ação e a meta reflexão: reflexão sobre a reflexão na ação. Algumas
estratégias colaboram para uma reflexão formativa. Entre elas temos: a análise de casos, que é a reflexão sobre uma situação concreta, baseada no saber teórico e assume valor explicativo; as narrativas, que são à maneira de como os homens experienciam o mundo e podem registrar as questões cotidianas;
os caso, que são enredos elaborados para dar visibilidade ao saber, sendo escritos por docentes no sentido de exprimir uma teorização; o portifólio, que é um conjunto de documentação refletidamente selecionada, comentada, organizada e contextualizada, reveladora do percurso profissional; e, as perguntas pedagógica, que têm intencionalidade formativa. Com essas estratégias, a escola pode ser organizada de modo a criar condições de reflexividade individuais e coletivas, transformando-se numa comunidade autocrítica, aprendente e reflexiva. Precisa se repensar para se transformar e ser autogerida, ou seja, ter seu próprio projeto, construído com a colaboração de seus membros. Daí, surge o objetivo principal da supervisão pedagógica, que é criar condições de aprendizagem e de desenvolvimento profissional dos docentes,
entendido como dimensão do conhecimento e da ação. Transcede a ação do professor e atinge a formação do aluno, a vida na escola e a educação. É uma atividade de natureza psicosocial centrada nos contextos formativos. O supervisor é um gestor de situações formativas que implicam em capacidades humanas e técnico-profissionais especificas. Pode ajudar na construção do conhecimento pedagógico pela sua presença e atuação, pelo diálogo propiciador da compreensão dos fenômenos educativos e das potencialidades dos docentes, pela monitorização avaliativa de situação e desempenhos. Logo, para gerir uma comunidade reflexiva em desenvolvimento e aprendizagem, a gestão deve ser integrada de pessoas e processos, trazendo para a arena educativa todos os elementos humanos que a constitui. A "escola reflexiva" encontra-se sempre
em construção social, mediada pela interação dos diferentes atores. De sua definição destacam-se as idéias de pensamento e reflexão, organização e missão, avaliação e formação. Ela tem uma missão: educar e, para isso, deve investigar-se, pensar-se e avaliar-se. Deve ter um projeto orientador de ação e trabalhar em equipe. O projeto educativo surge como instrumento da construção da sua autonomia, sendo a carta de definição da política educativa escolar e deve se centrar no modo como se organiza para criar as condições de aprendizagem e desenvolvimento inerentes ao currículo. Portanto, para gerir uma escola reflexiva deve pensar numa gestão participada face às situações, avaliadora e formadora. A gestão escolar reside na capacidade de mobilizar cada um para a concretização do projeto educativo com capacidade decisória;
nortear-se por ele e tomar decisões no momento certo, ser capaz de mobilizar as pessoas para serem atores sociais e transformarem o projeto enunciado em conseguido.

Implica em ter um pensamento e uma visão sistêmica.

(ALARCÃO, Isabel)

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quinta-feira, 15 de julho de 2010

Professores reflexivos em uma escola reflexiva( Isabel Alarcão CORTEZ)

Nossa sociedade, denominada “sociedade da informação, do conhecimento e da aprendizagem”, exige competência de acesso, avaliação e gestão da informação oferecida. Nela, o homem deve ter a capacidade de transformar as informações em conhecimento. O pensamento e a compreensão são fatores de desenvolvimento pessoal, social, institucional, nacional e internacional. Para saber viver nela é preciso que o sujeito tenha competência.
Além da informação e do saber, deve desenvolver certas capacidades: saber-fazer, aprender a aprender, aprender a conviver e aprender a ser e, também, para ser um ator crítico, deve desenvolver a competência da compreensão e a capacidade de utilizar as várias linguagens, inclusive a da informática. Se ele não o fizer, será manipulado e “info-excluído”. Deve saber lidar com a informação de modo rápido e flexível, discernindo sua importância, reorganizando-a, interpretando-a, selecionando-a, sistematizando-a e recriando-a. Assim, as competências exigidas, hoje, devem ser desenvolvidas num contexto em que haja
apelo para atitudes autônomas, dialogantes e colaborativas e em projetos de reflexão e pesquisa. A escola tem papel central nessa questão. A sala de aula é o espaço onde se procura e se produz o saber. A aprendizagem deve ser organizada focando no aluno e promovendo sua capacidade de auto e heteroaprendizagem, o qual deve ser aprendente e descobrir o prazer de ser uma mente ativa. Já, o professor deve estar em constante formação a fim de poder atender as novas exigências. Precisa ser reflexivo numa escola reflexiva, isto é, sua atuação deverá ser produto de uma mistura integrada de ciência, técnica e arte. A idéia de professor reflexivo é transponível para a comunidade educativa. Alarcão intitula esses profissionais de “estruturadores e animadores da aprendizagem”, pois devem desenvolver em seus alunos algumas competências: criar, estruturar, dinamizar situações e estimular as aprendizagens e a auto-confiança nas capacidades individuais para aprender. Ela usa o termo “fascínio” para a falta de confiança na competência de alguns profissionais, a reação perante a tenocracia, a relatividade inerente ao espírito moderno, o valor atribuído à epistemologia da experiência, a fragilidade do papel do professor, a dificuldade de formar bons profissionais.
A metodologia da “pesquisa-ação” é uma possibilidade de avançar na formação reflexiva, pois à experiência profissional pode ser refletida e conceitualizada. Parte da identificação do problema e caracteriza-se pelo
trabalho cooperativo no planejamento e na avaliação dos resultados. Já, a “abordagem experimental” é um processo transformador da experiência que se dá a construção do saber e compreende quatro fases: experiência concreta, observação reflexiva, conceitualização e experimentação ativa. A “abordagem
reflexiva de Shön” se relaciona com a abordagem experimental e a pesquisa-ação, pois há os componentes da reflexão na ação, reflexão sobre a ação e a meta reflexão: reflexão sobre a reflexão na ação. Algumas
estratégias colaboram para uma reflexão formativa. Entre elas temos: a análise de casos, que é a reflexão sobre uma situação concreta, baseada no saber teórico e assume valor explicativo; as narrativas, que são à maneira de como os homens experienciam o mundo e podem registrar as questões cotidianas;
os caso, que são enredos elaborados para dar visibilidade ao saber, sendo escritos por docentes no sentido de exprimir uma teorização; o portifólio, que é um conjunto de documentação refletidamente selecionada, comentada, organizada e contextualizada, reveladora do percurso profissional; e, as perguntas pedagógica, que têm intencionalidade formativa. Com essas estratégias, a escola pode ser organizada de modo a criar condições de reflexividade individuais e coletivas, transformando-se numa comunidade autocrítica, aprendente e reflexiva. Precisa se repensar para se transformar e ser autogerida, ou seja, ter seu próprio projeto, construído com a colaboração de seus membros. Daí, surge o objetivo principal da supervisão pedagógica, que é criar condições de aprendizagem e de desenvolvimento profissional dos docentes,
entendido como dimensão do conhecimento e da ação. Transcede a ação do professor e atinge a formação do aluno, a vida na escola e a educação. É uma atividade de natureza psicosocial centrada nos contextos formativos. O supervisor é um gestor de situações formativas que implicam em capacidades humanas e técnico-profissionais especificas. Pode ajudar na construção do conhecimento pedagógico pela sua presença e atuação, pelo diálogo propiciador da compreensão dos fenômenos educativos e das potencialidades dos docentes, pela monitorização avaliativa de situação e desempenhos. Logo, para gerir uma comunidade reflexiva em desenvolvimento e aprendizagem, a gestão deve ser integrada de pessoas e processos, trazendo para a arena educativa todos os elementos humanos que a constitui. A "escola reflexiva" encontra-se sempre
em construção social, mediada pela interação dos diferentes atores. De sua definição destacam-se as idéias de pensamento e reflexão, organização e missão, avaliação e formação. Ela tem uma missão: educar e, para isso, deve investigar-se, pensar-se e avaliar-se. Deve ter um projeto orientador de ação e trabalhar em equipe. O projeto educativo surge como instrumento da construção da sua autonomia, sendo a carta de definição da política educativa escolar e deve se centrar no modo como se organiza para criar as condições de aprendizagem e desenvolvimento inerentes ao currículo. Portanto, para gerir uma escola reflexiva deve pensar numa gestão participada face às situações, avaliadora e formadora. A gestão escolar reside na capacidade de mobilizar cada um para a concretização do projeto educativo com capacidade decisória;
nortear-se por ele e tomar decisões no momento certo, ser capaz de mobilizar as pessoas para serem atores sociais e transformarem o projeto enunciado em conseguido.

Implica em ter um pensamento e uma visão sistêmica.

(ALARCÃO, Isabel)

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